todas as vezes que me dizes não

Dandara de Morais
2 min readJan 25, 2020

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fênix

por d a n d a r a d e m o r a i s & cia.

escrito originalmente num blog privado em 03.09.2018

redescoberto em 25.01.2020

Todas as vezes que me dizes não, a mulher dona de si se estremece. Todas as vezes que me dizes não, a menina mais feia da escola volta a existir. Quando me dizes não, um pedacinho da minha alma boa e carinhosa apodrece e cai por terra. Quantos nãos mais são necessários pra eu simplesmente deixar de existir? Quantos fala a na cara a mais, como se já não tivesse levado suficiente, vai arder na minha alma, queimar o meu sossego, deixar em cinzas essa pessoa boa que eu tento ser? Quantos de vocês são necessários pra me derrubar de vez? Gostaria de pensar que nenhum, mas é o pensar demais que eu não tenho controle, é que está ferido por dentro, com um semblante gracioso por fora, o que eu sou.

dando rolê com o primo nos alpes franceses em 2011— giselle nos teclados

Todas as vezes que me dizes não, eu me faço de vítima. Me faço ou calço aquilo que foi guardado pra mim? Escolhido a dedo, meticulosamente, pra me atormentar e enxergar a grande farsa que é parecer despreocupada. Quando pareço despreocupada, dentro de mim tem um redemoinho, assim como tem no mar, que me puxa pra dentro e traz à tona todas as minhas fraquezas. Minhas tristezas. Quando me dizes não, a mocinha serelepe e a moçona adorável provam e quase levam a armadura que se tece para uma proteção. Quando me dizes não, me torno pouco a pouco em um monstrinho que tiver que criar para poder aguentar. Eu não sou forte. Eu sou uma farsa.

não sou uma farsa, sou uma fada

😘

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